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segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Analise - O Corvo, Edgar A. Poe


  A Morte tem muitas faces, uma Caveira, uma Sombra, um Ceifeiro entre muitas outras, mas a que eu irei falar hoje é a figura do Corvo.
 O Corvo é um pássaro negro, mais comum na Europa, e muito curioso. Pode imitar voz de humanos, uivos de lobos e pios de outros pássaros. Na idade média o Corvo era conhecido por ser um presságio de Morte, isto é, sempre que alguém avistava um Corvo significava que alguém havia morrido ou morreria em breve. O Corvo também era usado como mensageiro, e mais tarde mudado para Pombos-correios.
 Falar sobre a Morte é muito inspirador, e graças a esta inspiração, foi criado a Obra-Prima de Edgar Allan Poe: O Corvo.
 O Corvo foi publicado pela primeira vez em 1845 pelo New York Evening Mirror. Conta a história de um homem que lamenta a morte de sua amada, Lenore, ou Lenora em algumas traduções, quando entra um Corvo em sua casa, daí então algumas coisas e diálogos misteriosos acontecem. Em suas primeiras publicações o Poema teve ilustrações do artista Francês Gustavo Doré.  Este post será uma analise de parte desse maravilhoso poema.

 Notas iniciais: Em minha opinião, a melhor tradução do poema é a de Fernando Pessoa, mas não se compara ao original em inglês. É impressionante como Poe consegue deixar o clima cada vez mais tenso e sombrio. Nesta analise eu irei colocar o poema original e a tradução literal do mesmo.
The Raven
Once upon a midnight dreary, while I pondered, weak and weary,
Over many a quaint and curious volume of forgotten lore,
While I nodded, nearly napping, suddenly there came a tapping,
As of some one gently rapping, rapping at my chamber door.
"'T is some visiter," I muttered, "tapping at my chamber door—
Only this, and nothing more."
(O Corvo
Era uma meia-noite sombria, enquanto eu ponderava fraco e cansado,
Ao longo de muitos volumes de curiosos manuais
Enquanto eu balancei a cabeça, quase dormindo, de repente, veio uma batida,
Como de alguém batendo suavemente, batendo em meus umbrais.
"É um visitante", murmurei, "está batendo em meus umbrais
Só isso, e nada mais. ")
 O conto começa com este homem, provavelmente com insônia, lendo manuais e enciclopédias para tentar adormecer. Quando a cabeça do homem começa a abaixar e ele começa a adormecer ele houve uma batida em seu umbral (um tipo de porta alta e pesada, na maioria das vezes dupla), o Homem pensa ser apenas algum visitante, alguém querendo ajuda naquela hora da madrugada, talvez.


Ah, distinctly I remember it was in the bleak December,
And each separate dying ember wrought its ghost upon the floor.
Eagerly I wished the morrow:—vainly I had sought to borrow
From my books surcease of sorrow—sorrow for the lost Lenore—
For the rare and radiant maiden whom the angels name Lenore—
Nameless here for evermore.
(Ah, que bem disso me lembro, era no frio de dezembro,
E a brasa da lareira lançava um brilho espectral.
Ansiosamente eu desejei o amanhã: em vão tentando esquecer do ocorrido,
De meus livros cheios de tristeza-tristeza pela perda de Lenore
Para a preciosa e radiante dama a quem os anjos chamam Lenore
E nome aqui já não tem mais.)
Nesta segunda parte podemos entender o porquê da insônia do rapaz: a perda de sua amada Lenore. Para ele qualquer coisa a lembra, até mesmo a chama da lareira com um aspecto espectral, isto é, com um brilho fantasmagórico, passando a lembrança da morte da amada à ele, assim como os livros, que não o alegravam mais, tudo pela perda de Lenore.


And the silken sad uncertain rustling of each purple curtain
Thrilled me—filled me with fantastic terrors never felt before;
So that now, to still the beating of my heart, I stood repeating
"'T is some visiter entreating entrance at my chamber door
Some late visiter entreating entrance at my chamber door;—
This it is, and nothing more."
(Sussurros que vinham da cortina roxa de seda fina
Me torturando e enchendo de terrores fantásticos que nunca havia sentido.
De modo que agora, com as fortes batidas de meu coração, eu ia repetindo para acalma-lo:
"'É apenas um visitante pedindo entrada em meus umbrais
Uma visita tardia pedindo entrada em meus umbrais; -
É só isto, e nada mais. ")
O pobre rapaz se encheu de medo de algum espírito ou a própria Lenore estivesse batendo em seus umbrais, pensou até ter ouvido vozes vindo de uma cortina roxa em seu quarto e, para acalmar o coração que batia rapidamente, ele repetia que era apenas algum visitante pedindo para que entrasse em sua casa por algum motivo e não um ser fantasmagórico.

Presently my soul grew stronger; hesitating then no longer,
"Sir," said I, "or Madam, truly your forgiveness I implore;
But the fact is I was napping, and so gently you came rapping,
And so faintly you came tapping, tapping at my chamber door,
That I scarce was sure I heard you"—here I opened wide the door;—
Darkness there, and nothing more.
  (E então, a minha alma ficou mais poderosa; não iria mais hesitar,
"Senhor", disse eu, "ou senhora, verdadeiramente o seu perdão eu imploro;
Mas o fato é que eu estava adormecido, e tão gentilmente você veio batendo,
E assim você veio levemente batendo, batendo em meus umbrais,
Que eu quase não o ouvi "-e então abri as portas; -
Trevas e nada mais.)
E então o homem se encheu de coragem e resolveu se aventurar e descobrir quem era o misterioso visitante. Enquanto caminha ele pedia desculpas ao homem, ou mulher, dizia que estava quase adormecido e quase não ouviu às batidas nos umbrais. Ao abrir as portas o homem teve um susto... Nada e ninguém se encontravam do outro lado da porta.
  
 Deep into that darkness peering, long I stood there wondering, fearing,
Doubting, dreaming dreams no mortal ever dared to dream before;
But the silence was unbroken, and the darkness gave no token,
And the only word there spoken was the whispered word, "Lenore!"
This I whispered, and an echo murmured back the word, "Lenore!"
Merely this and nothing more.
(Afogado no meio das trevas, tempo fiquei ali pensando, temendo,
Duvidando, era algum sonho, sonho que nenhum mortal jamais se atreveu a sonhar antes;
Mas a noite era infinita, e das trevas não apareceu nenhum sinal,
E a única palavra dita foi um sussurro, "Lenore!"
Isso eu sussurrei, e um eco murmurou de volta a palavra "Lenore!"
Isso apenas e nada mais.)
O Homem fica paralisado em meio a noite de inverno, ele acha estar sonhando, um sonho que nenhuma mortal atreveria de sonhar, de tão horrenda que era a situação. Em meio a escuridão o homem sussurrou apenas o nome de sua amada, Lenora, e o eco respondeu com o mesmo nome.

Back into the chamber turning, all my soul within me burning,
Soon again I heard a tapping, somewhat louder than before.
"Surely," said I, "surely that is something at my window lattice;
Let me see, then, what thereat is, and this mystery explore—
Let my heart be still a moment and this mystery explore;—
'T is the wind and nothing more!"
(Em casa eu fui volvendo, toda a alma em mim ardendo,
Logo mais eu ouvi uma batida, um pouco mais alto do que antes.
"Certamente," disse eu, "aquela bulha é na minha janela;
Deixe-me ver, então, o que está nela, e esse mistério explorar-
Coração, acalme-se um momento e vamos este mistério explorar; -
É o vento, e nada mais! ")
Ao voltar para dentro de casa, ainda aterrorizado,  as batidas voltam a ser ouvidas, desta vez ainda mais forte e alto e ele resolve olhar pela janela, assim, talvez consiga reconhecer alguém ou a carruagem.

Open here I flung the shutter, when, with many a flirt and flutter,
In there stepped a stately Raven of the saintly days of yore.
Not the least obeisance made he; not a minute stopped or stayed he;
But, with mien of lord or lady, perched above my chamber door—
Perched upon a bust of Pallas just above my chamber door—
Perched, and sat, and nothing more.
(Escancarei-a então, quando, com muitos movimentos e vibrações,
De lá saiu um corvo imponente dos tempos ancestrais.
Não parou por um minuto, qual fidalgo absoluto,
E de modo resoluto pousou bem junto aos portais
Empoleirado em cima de um busto de Pallas bem acima de meus umbrais.
Empoleirado, e nada mais.)
 Ao abrir as janelas, eis que entra um Corvo, que rapidamente, sem nem mesmo ligar para o dono da casa, como um fidalgo, o Corvo se empoleira em cima de um busto de Pallas Athena que fica em cima dos umbrais.

Then this ebony bird beguiling my sad fancy into smiling,
By the grave and stern decorum of the countenance it wore,
"Though thy crest be shorn and shaven, thou," I said, "art sure no craven,
Ghastly grim and ancient Raven wandering from the Nightly shore,—
Tell me what thy lordly name is on the Night's Plutonian shore!"
Quoth the Raven, "Nevermore."
(E esta ave de ébano com ares senhoriais, mesmo triste, me fez rir,
Até o decoro grave e severo do rosto que usava,
"Ainda que tua crista foi cortado e aparado, tu," eu disse, "de certeza corajoso,
Ó velho corvo emigrado lá das trevas infernais!
Dize-me qual o teu nome lá nas trevas infernais."
Disse o corvo, "Nunca mais".)
A primeira coisa que o homem faz ao ver o Corvo mais atentamente é rir da cara dele por ele não ter crista, mas logo em seguida ele pergunta ao Corvo qual seu nome, e, para o espanto do homem o Corvo responde “Nunca Mais”.

Much I marvelled this ungainly fowl to hear discourse so plainly,
Though its answer little meaning—little relevancy bore;
For we cannot help agreeing that no living human being
Ever yet was blessed with seeing bird above his chamber door—
Bird or beast upon the sculptured bust above his chamber door,
With such name as "Nevermore."
(Muito fiquei maravilhado ao ouvir esta rara ave falar tão claro.
Apesar de sua resposta pouco relevância;
Pois não podemos deixar de concordar que nenhum ser humano vivo
Ainda que nunca foi abençoado com a visão ave acima de seus umbrais-
Pássaro ou bicho sobre o busto esculpido acima dos umbrais,
Com tal nome "Nunca mais".)
 O homem fica maravilhado ao ouvir o pássaro negro falar tão claramente, mesmo que palavras com significados tão comuns e irrelevantes. Ele sente-se honrado por ter sido o primeiro homem a ter um pássaro deste, acima de seus portais, falar seu nome, Nunca Mais.