Espero
que gostem.
Quem é Èsù?
Na mitologia
Yorubá, Exu ou Èsù é o deus da fala, da Magia, da prosperidade, da
sorte, do prazer, mensageiro dos deuses e também é o que assume a posição de
deus trapaceiro ou brincalhão. É o mais humano dos deuses e tudo que existe.
É filho de
Orunmilá e Yebíìrú(Alguns acreditam que seja filho de Yèmònjá, mas discordo
disso). Èsù foi criado por Obatalá, mas somente enquanto corpo e “ideia”.
Yebíìrú queria tanto ter um filho e importunava tanto Orunmilá, que este foi
importunar Obatalá.
Depois de
tanto insistir, Orunmilá e Yebíìrú se uniram e com essa união nasceu Èsù.
Ele nasceu com dentes, falando e pedindo
comida. Primeiro, ele comeu as aves do céu, depois os animais da terra, depois
as plantas árvores e pedras e, por fim, a própria mãe.
Orunmilá,
desesperado, consultou seus oráculos, e viu que deveria fazer um feitiço com
duzentos búzios e uma adaga de cristal. Ele o fez e, quando Èsù veio
engoli-lo, Orunmilá encostou a faca de cristal nele e ele se partiu em duzentos
pedaços.
Isso se
repetiu nos nove mundos, quando finalmente Èsù ofereceu trégua. Ele
vomitou tudo que tinha comido, em troca da promessa de poder comer um pouco da
comida de cada divindade, bem como ser o que é alimentado primeiro.
Cada um
desses pedaços dele se tornou uma qualidade diferente e cada coisa na natureza
ou divindade é protegida/servida por uma qualidade de Èsù. Logo, o Deus
come de tudo, menos óleo de palmiste, que ele odeia, por, segundo uma lenda,
ter se queimado com o óleo.
Èsù é
um deus extremamente hedonista. Ele se agrada no sexo, no beber, gosta de comer,
rir, conversar, fumar entre outras atitudes que tragam prazer. Ele é cultuado
no primeiro dia útil da semana, para que os trabalhos da semana sejam abençoados
por sua força.
Èsù
usa todas as cores, pois trabalha em todas as forças do universo. Ele é o
senhor das estrelas e dos meteoritos. Sua cabeça tem formato de lamina de faca, que é
escondida por um gorro. Ele só tem cabelo em uma parte da cabeça, com o qual
ele forma uma trança, que é o que ele usa para guardar sua faca. Em teoria, se
você tirar o gorro dele, ele te dá um desejo.
Oferendas a Èsù
podem ser: Charutos, cigarros e baseados em geral, búzios, doces, bolo, padè,
sangue de quaisquer animais(aliás, uma parte do sacrifício feito a qualquer Òrísá
vai pra ele, automaticamente, por ele ser Aquele que come de Tudo e Todos e
pela utilização da Faca em sacrifícios), cachaça, cerveja, vinho, milho assado,
frutos de dendê, azeite de dendê, brinquedos, pedras de amolar, frutas,
dinheiro, entre outras coisas.
O padè de Èsù,
mediante o que eu aprendi, é feito misturando cachaça à farinha de milho e mexendo
até que deixe de empelotar. Acrescenta-se pimenta dedo de moça picada e
deixa-se numa encruzilhada em X, sobre folhas de mamona ou bananeira.
Suas saudações
são “Laroye Èsù!” ou “Èsù é Mojubá, Laroye!” e seus principais instrumentos são
o Ogò (um porrete um formato fálico que representa a fertilidade) a Àdó
(cabaça), o Obè (um tipo de faca) e o Òkòtó (espécie de concha que simboliza o
infinito e a eternidade).
Alguns mitos de Èsù
Èsù trapaceia contra Obatalá
Durante a
criação, Orunmilá recomendou que Obatalá desse as comidas para Èsù, pois
até os deuses devem honrá-lo. Obatalá, sendo quem é, ignorou os avisos e seguiu
a criação. Ofendido, Èsù começou a fazer Obatalá sentir muita sede,
tanta sede que ele parou e bebeu vinho de palma.
Mas a sede
era tanta que Obatalá caiu bêbado. Então, seu irmão, Oduduwa, completou a
criação. Mais tarde, quando Obatalá acordou, começou a fazer os humanos, mas
ainda estava muito bêbado, e começou a fazer pessoas deformadas e deficientes.
Voltando à
sobriedade e vendo aquelas pessoas todas mal formadas, Obatalá ficou
transtornado. Elas, certamente, teriam problemas para viver entre as pessoas
normais. Então Obatalá deu a ordem para que as pessoas saudáveis ajudassem os
deficientes a ter uma vida digna. Maltratar um deficientes é uma ofensa a
Obatalá.
Èsù põe um reino todo em guerra
Um dia, uma
rainha precisou dos favores de Èsù, pedindo, porém, sem dar o sacrifício
que prometeu. Então seu marido começou a trata-la friamente. Ela, novamente pediu
a ajuda de Èsù, que disse que iria ajuda-la, desde que ela trouxesse
alguns pelos da barba dele.
Ela se
retirou e Èsù correu até o rei, dizendo para que ele se alarmasse, pois
sua esposa queria mata-lo. De noite, o rei fingiu dormir, enquanto a rainha ia,
com uma faca, tirar os pelos de sua barba. O rei pensou que sua esposa ia
mata-lo e começou a lutar com ela.
O filho deles
chegou, com seu exército e, achando que o pai e a mãe estavam se matando,
começou a tentar separar os dois. O rei achava que seu filho tinha conspirado
com a mãe, enquanto a rainha também achava o mesmo, e os três se atacaram numa
imensa briga.
O exército
também atacou, uma parte tentando salvar o príncipe, outra o rei e outra a rainha. Em poucos minutos, todos estavam se
matando, num completo caos.
Èsù salva Òsún
Um dia, Osogbo,
a cidade onde reinava Òsún, foi tomada por Jàgún, o senhor de todas as
armas. Ele mandou prendê-la e ia executá-la, dali a alguns dias. Ela passou o
tempo todo chorando muito e temendo pela própria vida.
Então Èsù,
que passava por ali, ouvi Òsún chorar e ofereceu ajuda. Ele deu a ela um
preparado mágico para beber. Mas, de imediato, não apresentou nenhum efeito.
Porém, quando os soldados de Jàgún iam vir matar Òsún, ela virou uma
pomba devido à poção e voou, fugindo.
Tempos
depois, ela voltou com outro exército e retomou Osogbo. E em troca ela
instituiu o culto de Èsù em sua cidade e ele passou a morar em sua
corte. Esse Èsù é Òrò, que guarda e acompanha Òsún até hoje.
Algumas das inúmeras qualidades de Èsù
Òdàrá: O
bondoso, o belo.
Oba Suru: O
senhor da paciência.
Àlájè: Senhor
da prosperidade.
Irawo Koda: A
primeira estrela.
Oniboje
Olorun: O Guardião da casa de Olorun.
Àláàfiá:
Senhor da satisfação pessoal e das coisas boas.
Àgbá:
Ancestral, o mais velho de todos.
Oba Bàbá Èsù:
Aquele que é o principal, líder de todos.
Òrò:
Acompanha Òsún é vaidoso e se enfeita com joias.
Àláketu:
Acompanha Òsóòsí, e teria sido rei em Ketu despois do mesmo.
L’Obè: Senhor
da faca e do corte.
L’Onan:
Senhor dos caminhos.
Ìná: Senhor
do fogo.
Oduso:
Guardião dos Òdú.
Òsíjè: O
mensageiro dos deuses.
L’Èbó: Senhor
das oferendas, que come uma parte da comida de todos os outros deuses.
Òkòtò: O
infinito, representado pela concha do Ìgbín.
Elegbàrá: Senhor
da magia.
Bàrá: Senhor
do corpo.
Sìgìdí ou
Sùgùdú: Senhor dos pesadelos.
Tìrìrí:
Senhor da comédia, acompanhante de Ògún.
Ònan: O
guardião das portas e das porteiras, acompanhante de Òyá e Ògún.
Ìgbá Ketá:
senhor da “terceira cabaça”, que teria, também, três cabeças.
Tòpá:
Acompanhante de Òsányín, que sabe o uso de todas as folhas, mas nunca sai do
lado de seu mestre, tendo um só olho, uma só mão, uma só perna, sendo mudo e
surdo de uma das orelhas.
Yangì: Senhor
da laterita vermelha (tipo de terra), esteve presente e também foi responsável
pela criação.
Abaile: Que
leva as oferendas feitas ao deus ao qual se destinam.
Afrá: Anda
com Omolu e ajuda na cura de doenças.
Agbanuke:
Guardião dos templos, que cega quem tentar vilipendiá-los.
Akeru: Aquele
que leva e traz as coisas.
Agongo Ogo:
Outro guardião, que mata os que intentam contra aquilo que está sob sua
proteção enforcando o criminoso em questão.
Alá Ìlé: É o
título de prestígio de Èsù. Esse Èsù é velho e é um grande adivinho.
Alá Lu Bànsé:
Senhor do destino.
Laroyie
Akokelebiyu: Faz brincadeiras de mal gosto, é revoltado e quando se desagrada de alguém, se dedica a
destruir a pessoa como puder.
Awo Bará:
Adivinho, protetor do Babalawo, e de seu pai, Orunmilá.
Alguns livros que contém informações
sobre Èsù
Notas sobre o
culto dos Orixás e Voduns, na Bahia de todos os santos, no Brasil e na antiga
Costa dos Escravos, na África.- Pierre Verger
Exú e a Ordem
do Universo.-Síkírù Sàlámì e Ìyákèmi Ribeiro