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sexta-feira, 4 de março de 2016

Resenha do livro O Alento do Dragão – Práticas de Magia Dragônica + Entrevista com os Autores

  Enquanto no exterior e em outros países temos diversos livros que tratam dos mais diversos e complicados assuntos a respeito de Magia e Bruxaria, aqui no Brasil temos poucos  livros diferenciados sobre os assuntos, sejam traduzidos de outra língua ou, muito menos, escrita por Bruxos e Magicistas Brasileiros. Felizmente essa realidade está mudando aos poucos e um exemplo disso é o livro O Alento do Dragão – Práticas de Magia Dragônica, por Dragony Scatha e Morgana Luna Boanna.
  Quando fiquei sabendo deste livro ele ainda nem tinha sido publicado, mas os autores estavam divulgando eles em diversos sites e redes sociais. Como eu tinha pouco interesse com Magia Dracônica (ou Dragônica, como os autores defendem) eu preferi esperar um pouco para poder comprar o Livro, mesmo estando apaixonado pela belíssima Capa desde a primeira vez que vi.
  Foi então que um dia eu fui recebendo sinais e presenças de um Dragão e iniciei meus contatos, o que resultou na compra e leitura do livro.
  Li o livro em um dia e duas noites, e logo me apaixonei e cá estou eu trazendo minha visão do que eu achei.




  O Livro inicia com palavras dos Autores declarando que tudo que foi relato ali faz parte da experiência pessoal deles, e inclusive dizem que não importa com quantos praticantes de Magia dos Dragões vocês forem contatar, cada um terá experiências e Verdades pessoais diferentes das outras. Só de ler essa introdução já fiquei bem animado com o livro, até porque acho que este tipo de informação tem que ser dada no início de todo e qualquer livro a respeito de Magia e Espiritualidade, o que, infelizmente, não acontece, passando a muitos praticantes iniciantes a informação de que apenas ali está escrito a Verdade Absoluta.
  A Seguir temos explicações dos mesmos a respeito do “Alento do Dragão”, o Sopro sagrado desses seres, e explicações históricas e místicas a respeito de Quem São os Dragões, como Eles se organizam, código de ética, um assunto um tanto quanto polêmico entre muitos praticantes, e a visão deles sobre os termos “Dragôniano” ou “Dracônico”.
  O Livro contém desde rituais para estabelecer contato, meditações e rituais extremamente profundos para o contato e entendimento destes seres tão complexos e maravilhosos!
  Tenho também que dizer que apenas a leitura desse livro, principalmente em partes ritualísticas onde tínhamos invocações, me trouxe experiências e vibrações extremamente fortes (ao ler a invocação do Ritual de Contato com os Dragões, minha pele se arrepiou toda e senti diversas energias voando, cavalgando e serpenteando ao meu redor, inclusive a do Dragão ao qual eu já estava tendo um contato).
  Tenho certeza que durante meu Caminhar Mágiko com os Dragões eu irei fazer as diversas práticas que os Autores colocam no livro.

  Super recomendo este livro a todos aqueles que desejarem contatar os Dragões ou que tenham apenas uma fagulha de curiosidade, da menor que seja, em relação a estes seres ou também quem desejar conhecer outras formas de Magia que vão além do conhecimento básico transmitido na maioria dos livros que encontramos disponíveis.
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    Com a ajuda de alguns amigos, resolvi organizar uma lista de perguntas para os Autores e consegui fazer uma entrevista bem gostosa com eles.
  Depois de semanas conseguimos finalmente reunirmos-nos virtualmente na data e hora que marcamos e logo de cara os dois, extremamente simpáticos, me dão Boa Noite e agradecem pelo convite, e então iniciamos as perguntas:
  
Pergunta: Como vocês conheceram e iniciaram o Caminho de vocês dentro da Bruxaria?
  Dragony: O primeiro momento em que entrei em contato com a Bruxaria, foi através de uma amiga que era praticante e ela me emprestou o livro: Bruxaria - Teoria e Prática da autora Ly de Angeles. A forma poética dela descrever a Bruxaria me tocou. Algo ressoou em mim e foi amor à primeira vista, um reencontro.
  Morgana: Eu ganhei o livro "A verdade sobre a bruxaria moderna" (Scott Cunninghan) de presente de um colega de faculdade e me senti chamada e comecei uma busca pela Deusa.

  P: De onde veio o interesse sobre a Magia dos Dragões? Como foram seus primeiros contatos?
  D: O meu contato com os dragões começou de forma tímida, porque eu ainda não era bruxo, era espirita kardecista e a conexão com o primeiro dragão foi de forma involuntária, ele simplesmente surgiu. Fiquei assustado, mas fascinado com aquele ser, com aquela energia. Quando me voltei ao Paganismo e encontrei uma simbologia diferente para os dragões foi que me senti á vontade e retomei aquele primeiro contato, que foi se estabelecendo e aprofundando com á pratica.
  M: Sempre gostei de dragões, tanto que minha primeira tatuagem foi um dragão. Tiamat foi uma Deusa que entrou na minha vida há seis anos quando comecei a trabalhar com ela na TDB (Tradição Diânica do Brasil). Meus primeiros contatos foram meio complicados, pois não conseguia contato nenhum, mas com o tempo, e com insistência, nosso vinculo foi se formando.

  P: Segundo a experiência de vocês, como foi à criação do(s) Mundo(s) segundo os Dragões?
  M: Como o foco principal do nosso trabalho é Tiamat e Apsu utilizamos como base de trabalho o mito de criação dos mundos segundo o Enuma Elish.
  D: O Enuma Elish é o mito de criação babilônico, foi descoberto em forma de tábuas de argila nas ruínas da Biblioteca de Assurbaníbal em Nínive (Iraque). Acrescenta Dragony.
 Outra forma que utilizamos dentro do nosso trabalho é a Cosmologia das Runas do Dragão, canalizadas pelo Isedon Goldwing. Elas descrevem a formação dos mundos na dança entre as energias de Caos e Ordem. Tivemos o prazer e a honra de após criar e vivenciar o material presente no livro, conversarmos com o Isedon, mandamos o material pra ele. O retorno foi positivo, ele gostou muito do que criamos e deu o aval dele para utilizarmos no livro. Algumas frases utilizadas no trabalho das tríades são inspiradas em nossas longas conversas, e o prefacio do livro ele que escreveu.
 E para completar, Morgana nos dá uma citação do Enuma Elish:
"Quando no alto não se nomeava o céu,
E em baixo a terra não tinha nome,
Do oceano primordial (Apsu), seu pai;
E da tumultuosa Tiamat, a mãe de todos,
Suas águas se fundiam numa,
E nenhum campo estava formado, nem pântanos eram vistos;
Quando nenhum dos deuses tinha sido chamado à existência..."

  P: Quem são os Dragões da Ordem e do Caos e como Eles influenciaram no desenvolvimento da criação do Livro?
  D: Na verdade nem só os Dragões da Ordem e do Caos influenciaram, mas muitos tipos/clãs. Os dragões da Ordem e do Caos são grandes criadores e trabalham juntas as energias de construção e destruição para a criação e equilíbrio do Todo.
  Mas como já citamos no nosso trabalho, não utilizamos de forma excessiva esta divisão de clãs. Buscamos ir além dela.
  Dentro de nossa percepção os Dragões utilizam esta divisão para facilitar o nosso entendimento a respeito deles, para que nossa mente possa captar as faixas vibracionais em que eles trabalham e como a sociedade deles funciona.
  Esta divisão simplória que muitas vezes é utilizada: Dragões Vermelhos são do elemento fogo, Azuis da água... Na maioria das vezes não condiz com a realidade da energia do Dragão.
  Muitas vezes a forma que “captamos” e percebemos um Dragão, é a forma que dentro de nossas capacidades conseguimos entender aquela energia. Dragões podem assumir muitas formas, cores e tamanhos, perceber como eles realmente são é uma questão de pratica, confiança mútua e afinidade.
  M: Eu trabalho mais com os Dragões do Caos, enquanto o Dragony prefere trabalhar com os da Ordem.
E Dragony já nos dá uma informação maravilhosa para quem gostou do livro: Temos um trabalho com os dragões da ordem e o masculino sagrado, e os do caos e o feminino sagrado, estará no próximo livro.

  P: O que os levou a trazer um pouco dos seus conhecimentos sobre os Dragões para o público através da escrita do Livro? (Pergunta da Sol Ley Tánc, escritora do Blog Mistérios dos Deuses).
  D: Quando começamos a Página Alento do Dragão, a nossa ideia era criar um espaço onde os praticantes de Magia Dragônica trocassem experiências, já que como todos sabem, informações sérias sobre este tipo de pratica são difíceis de encontrar.
  Não tínhamos em mente que as Divindades Dragônicas cobrariam que como instrumentos deles, escrevêssemos um livro, criássemos um sistema de workshops, cursos e um trabalho que tende a crescer e se expandir cada vez mais. Um verdadeiro sistema mágico de trabalho com dragões, algo que já fazíamos há anos e agora aos poucos estamos disponibilizando em nossos cursos, rituais e através dos livros. Saindo de dentro de nossas "cavernas" e compartilhando um pouco dos nossos tesouros.
  Confesso que escrever estas páginas retiradas dos nossos Livros das Sombras, tornar nossas experiências algo público não foi uma tarefa fácil. Nem pra mim, nem para Morgana. Mas aqui estamos.

  P: Como foram suas experiências com este trabalho? (Pergunta pela Sol).
  M: As experiências são de profunda transformação, trocar de pele, alçar voos mais altos.
  Uma vez antes de lançar o livro o Dragony falou sobre o nosso trabalho no ask o que seria o livro, explica bem a nossa experiência e o que queríamos e queremos passar:
"O nosso trabalho expresso através do livro, não entregará formulas prontas, nem tabelas sem fim. Ele é prático, vai fazer com a pessoa pense, medite, reflita e passe por uma transformação interna, e para muitos até mesmo externa. E no final o que você terá em mãos é a sua forma de se conectar, a sua forma de praticar. A sua maneira de expressar a sua essência no mundo de forma honesta através da Magia Dragônica. E o mérito será apenas seu. Nossa jornada compartilhada em cada linha do livro é apenas um espelho onde o praticante se olhará, uma porta, um limiar. A profundidade de qualquer tipo de ensinamento depende sempre do nível que o praticante deseja explorar ou tem capacidades de alcançar."
  D: Transformador, assustador e revolucionário. Não acredito que seja possível fazer um trabalho profundo com os dragões sem se despir completamente, sem se transformar de forma radical.
  Encontrar a maneira de expressar a sua essência no mundo de forma honesta através da Magia Dragônica. Honesta, um reflexo de como você pensa e age no mundo.
  Conforme fomos conversando sobre essas questões, entramos no tema Autoconhecimento, e deixo aqui parte das reflexões:
  D: Sobre o autoconhecimento, infelizmente no nosso meio pagão o que mais impera é o que muitos chamam de Magia Coca-Cola, Magia Fast Food, ou como eu e Morgana brincamos, a Magia Miojo. As pessoas querem formulas prontas, como se o material fosse escrito pela Ana Maria Braga em um livro de receitas. Não é esta a nossa proposta. Nossa ideia é: você se transforma primeiro antes de querer moldar o mundo. Não estamos reinventando a roda, muitas pessoas pensam da mesma forma, e ao mesmo tempo, muitos se esqueceram deste fundamento básico.
Quer fazer um feitiço de amor? Antes descubra porque você esta sem amor para necessitar fazer um feitiço para isto.
Quer um ritual para emprego? Antes descubra porque você esta desempregado.
O problema é que as pessoas querem moldar a realidade de acordo com a vontade, mas qual realidade? E usando qual vontade?
Esta é a essência do nosso trabalho com Dragões. E é um caminho difícil, reflexivo e transformador.

  P: O que vocês acham de mitos e histórias que tratam dos Dragões como seres malignos e até mesmo demônios?
  M: Alguns mitos e historias tratam dos dragões como seres malignos e até mesmo demônios uma vez que a energia dos dragões é de potencializar, nas mitologias dragões potencializam sentimentos bem humanos como ganância e luxuria. E muitas vezes as pessoas não lidam de forma saudável com estas energias, com se olhar no espelho. Acreditamos também que muitas vezes a energia do dragão é interpretada dentro da percepção daquela cultura, ou pessoas que canalizam a respeito deles. Um exemplo é aquilo que o Dragony contou do primeiro contato dele como espírita kardecista, onde ele se assustou com a energia, porque dentro do conceito dele, o dragão era o mal. O mesmo dragão hoje é um companheiro dele, ou seja, a percepção dele é que moldou a “bondade” ou “maldade” do dragão. Claro que nem todo dragão é flor que se cheire. rsrsrs
  D: Não é mesmo, rs. Nem todo dragão é flor, pelo contrario, alguns fazem jus a fama de devoradores de virgens e donzelas, acumuladores de tesouros. rsrssr
   E deixo aqui uma parte do Alento do Dragão:
"Dragões são potencializadores poderosos, e você irá atrair Dragões compatíveis que vão potencializar quem você é e as características que você aspira desenvolver. Sejam estas características quais forem. E porque eles fazem isto? Porque trabalhar com Dragões é se olhar no espelho é estar preparado para trocar de pele e se expressar no mundo de forma honesta.
Se olhe no espelho e faça uma analise real de quem você é e de quem você aspira ser. E saiba que é isto que você vai alcançar. E nisto que você vai vibrar, e isto que vai atrair”.

  P: O que o contato com os Dragões mudou na vida de vocês? Eles tiveram influência nas pessoas que vocês são hoje?
  D: Mudou tudo. Claro que as mudanças não vieram apenas do trabalho com os dragões, mas também do nosso processo iniciático dentro da Tradição Diânica do Brasil e dos ensinamentos da nossa inciadora Mavesper Cy Ceridwen. É uma grande jornada conjunta e muitos fatores contribuíram.
  Os dragões norteiam nossas vidas de forma profunda, nosso casamento aconteceu com as bênçãos deles e de Tiamat e Apsu e todo o nosso processo de Gnose recebe o "peso" da presença deles.
  M: Mudou tudo, mas não dá pra dizer que foi só o trabalho com os dragões, pois no sacerdócio da Tradição Diânica do Brasil temos uma serie de praticas que possibilitaram essas mudanças.

  P: Sobre o número de pessoas se interessando pela Magia Dragônica que vem crescendo nos últimos anos, vocês acreditam ser influência dos Dragões ou da Mídia? (Pergunta por Bruno Gomes Ferreira)
  M: Os dragões querem sair da obscuridade e que seus praticantes façam o mesmo, como diria o personagem Lestat nos livros da Anne Rice: Come out, come out wherever you are!
  D: E complementando o que a Morgana disse, é a lei dos ciclos. Há muito tempo a Magia Dragônica foi colocada como algo que não era acessível a todo mundo. E muitas ideias de praticantes antigos, hoje estão sendo desfeitas por pessoas que decidiram sair das "sombras da caverna" para falar a respeito e desmistificar muitos conceitos que durante anos dificultaram o acesso.

  P: Os dragões são bastante rígidos quanto ao conhecimento, além de muito sigilosos, cautelosos, éticos e coerentes quanto a Magia. O que eles pensam a respeito do mundo atual, das tecnologias especificamente? Algum dragão mais próximo a vocês já comentou a respeito? Se Sim, o que disseram? (Sol).
  D: Sobre a rigidez, isto depende muito de dragão para dragão e de praticante para praticante, e se os dragões querem ou não compartilhar o conhecimento deles.
  M: Os dragões são bem diversificados e assim como os Deuses eles usam diversas ferramentas para se comunicar conosco, o que inclui as nossas tecnologias.
  
  P: Sei que a Morgana trabalha com divindades Brasileiras. Como podemos ligar a nossa Cultura aos Dragões?
  M: Dentre os Deuses Brasileiros temos muitas Deusas Serpentes e inclusive Deusas como Paranka, que utilizamos no livro (é a 11 Lua Dragônica, O Festim de Fogo), e MBoitata, são muito relacionadas aos Dragões pelo seu caráter empoderador e transformador. As pessoas precisam desconstruir a imagem de que o dragão é apenas aquele ser apresentados nas gravuras medievais ocidentais ou orientais.
Um exemplo para expandir a mente é que dentro do nosso trabalho as Serpentes, Carpas e Libélulas são correspondentes vibracionais no nosso plano da energia dragônica. Em nosso segundo livro, abordaremos este assunto através do trabalho com estes três caminhos para aprofundar a conexão com os dragões.

  Quero agradecer do fundo do meu coração pelo material fantástico que o Dragony e a Morgana produziram e por ter dado um pouco do seu tempo para fazermos essa entrevista e desejo a ambos muito amor e magia em suas vidas.